A Impotância dos Museus em Redes
Com vistas a gerar valor, melhorar a qualidade dos serviços à comunidade, abarcar os custos, surgem alternativas de compartilhamento e redes de ações com o objetivo de garantir o cumprimento da missão do museu e ampliar o interesse do público, considerando o valor intrínseco da cultura para além do seu valor econômico.
Assim, a partir da década de 1980, com o aumento do reconhecimento da participação dos museus no desenvolvimento social e nas políticas culturais das sociedades, os governos das nações europeias como Alemanha, Holanda, Inglaterra, Irlanda, França, Espanha e Portugal foram os primeiros a implantar o sistema de redes¹ de credenciamento e uma legislação específica para a área museológica. Gerou a explosão do universo de museus e a discussão do tema tecnologia, melhor dizendo, sobre a interface da tecnologia com as pessoas (CASTELLS, 2000).
Essas ações e políticas culturais foram baseadas em alguns eixos fundamentais do ponto de vista conceitual os quais consideram a cultura como:
Um vetor de desenvolvimento econômico e social, pois gera emprego e renda; uma ponte de entendimento do presente e não mais a representação passiva do passado; um instrumento da prática da cidadania, pois valoriza o indivíduo. […]. As redes européias funcionam verticalmente, horizontalmente ou ainda por sistemas mistos e ao criado a partir de códigos internacionais de museus como o código de deontologia do ICOM e documentos formalizados em congressos de museus como é o caso da Carta Cultural Iberoamericana de Museus. O objetivo é fomentar possibilidades e recursos para cada parte integrada na rede, incentivando o potencial de criatividade e possibilidade, bem como preencher lacunas com relação às necessidades de cada museu, criando linguagem e espaço cultural comum. Além das redes de âmbito nacional, estadual e regional, existem também as redes internacionais como, por exemplo, a NEMO (Network Of European Museum Organization) e o próprio ICOM (Conselho Internacional de museus) que podem ser considerados como uma estrutura de trabalho em rede (CARVALHO, 2008, p. 53).
No Brasil, por sua vez, a estrutura em redes dos museus data da década de 1980, com alguns casos que não tiveram continuidade; mais recentemente, no final da década, já aos moldes do que propôs a nova Política Nacional dos Museus (PNM), em 2003.
A Política Nacional dos Museus, através de seus principais eixos como a gestão e configuração do campo museológico, a democratização e acesso aos bens culturais, a formação e capacitação de recursos humanos, a informatização de museus, a modernização de infra-estruturas museológicas, o financiamento e fomento para museus e a aquisição e gerenciamento de acervos culturais, alavancou o desenvolvimento à criatividade, à produção de saberes e fazeres e ao avanço técnico-cientifíco do campo museológico. A partir desta preocupação, a “comunidade” museal tenta mobilizar-se em direção procurar ou criar, como no caso do SISMU, ferramentas que possibilitem uma maior inserção do patrimônio cultural musealizado na vida social contemporânea por meio de ações de caráter educativo-cultural, da criação de formação de educação museal e patrimonial.
O modelo de gestão da PNM está alicerçada da seguinte forma:
Fonte: Rafael Zamorano Bezerra – Ibram/MHN – Oficina de elaboração de projetos e fomento para a área museológica. 12º Fórum Estadual de Museus. 26,27 e 28 de abril de 2010. Santa Maria – RS.
A plataforma SISMU constitui-se em um instrumento capaz de efetivamente colocar os museus em rede estimulando a conectividade entre seus pares nacionais e porque não internacionais.
O sistema e redes de museus constituem-se, portanto, num novo modelo de gestão administrativa que procura reforçar o diálogo entre os governos e as instituições museológicas, e destas entre si, traçando um panorama de compartilhamento, ou seja:
São modelos de caráter público, que visam, sobretudo, a multiplicar ações de reciprocidade e, por isso, a constituição de um planejamento sistêmico de museus vai depender das decisões políticas. As políticas culturais para a preservação do patrimônio museológico estabelecem as normas e os códigos de museus, recomendando a criação de redes de museus, redes estas que, por sua vez, potencializam e consolidam as políticas culturais. As redes são instrumentos de cooperação e desenvolvimento que podem diminuir desigualdades e diferenças, podendo inclusive reconstruir a imagem do museu junto à sociedade (BRUNO, 2005).
Dentro desse contexto e tendo como ferramenta o novo Estatuto dos Museus é que as instituições enquadradas nos Sistemas de redes podem delinear suas políticas de ações.
¹O modelo cultural de organização social em redes foi proposto pelo sociólogo espanhol Manuel Castells na década de 1980, baseado em seus estudos sobre a cultura frente à tecnologia, melhor dizendo, sobre a interface da tecnologia com as pessoas (CASTELLS, 2000).
BIBLIOGRAFIA:
BEZERRA, Rafael Zamorano. Minicurso de elaboração de projetos e fomento para a área museológica. 12º Fórum Estadual de Museus. 5, 6 e 7 de maio de 2010. Santa Maria / Rio Grande do Sul. Power Point
BRUNO, Maria Cristina O. A importância dos processos museológicos para a preservação do patrimônio. Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia, supl., São Paulo, n.3, p.333-337, 1999.
CARVALHO, Ana Cristina Barreto. Gestão do patrimônio Museológico: as redes de museus. Tese de doutorado apresentada ao Programa de Artes Visuais da Escola de Comunicação e Artes da USP. 2008.
CASTELLS, Manuel. A Sociedade em rede. São Paulo: Paz e Terra, 2000.
IPHAN. Política nacional de museus: relatório de gestão 2003/2004.
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